Da arte rupestre do Vale de Côa a Fluxus nos Barruecos do Museu Vostell Malpartida : Mobilidade, Caminhada e Paisagem

Todos os sentidos são mobilizados nesta proposta de oficina. Ouvir e mover-se, experimentar, olhar e ver tornam-se motivo na travessia da paisagem.

La ligne du Côa à Fluxus

En mars 2022, les artistes et enseignants de l’École Supérieure d’Art d’Aix-en-Provence proposaient une traversée du paysage de l’art rupestre du Vale de Côa au Portugal à l’art Fluxus du Musée Vostell Malpartida de Cáceres (MVM) en Espagne.

Exposition du 03 au 18 décembre 14h à 18h

Espace 31, rue Consolat, 13001 Marseille

Teaser : La ligne du Côa

Film: La ligne du Côa

Concerto para olhos vendados, Vale de Madeira, Luis Antero :

PART 1 https://luisantero.bandcamp.com/album/concerto-para-olhos-vendados-vale-de-madeira-pinhel

PART 2 https://luisantero.bandcamp.com/track/parte-2-10https://luisantero.bandcamp.com/album/concerto-para-olhos-vendados-vale-de-madeira-pinhel

En partenariat avec les universités de Beira Interior (UBI – Covilhã – Portugal) et d’Extremadura (UEx – Cáceres – Espagne), les Musées Vostell de Malpartida (Es) et du Vale de Côa (Pt), Carlos Casteleira, Catherine Melin et François Parra proposent un atelier sur la perception du paysage. Une proposition d’exploration par le chant (voix), le geste (dessin), l’image (photographie et vidéo) et le déplacement des corps (performance). Conçu en partenariat avec les sections Cinéma, Media Artes et LabCom de l’UBI et le Projet Entre Serras, réseau d’art contemporain, entre agriculture et biodiversité. La création d’une vidéo-documentaire accompagne la Ligne du Côa.

Inspiré du livre de Bruce Chatwin Song Lines, ce workshop est une adaptation libre de la description que fait l’auteur de la manière dont se repèrent les aborigènes lorsqu’ils se déplacent dans le bush. Il y est rapporté que chaque aborigène nait dépositaire d’un chant, unique, qui lui est confié et qu’il ne peut céder ou échanger. Ce chant lui permet de se déplacer selon une trajectoire précise et unique sans se perdre. On peut imaginer que les rythmes et variations de ce chant sont autant d’éléments permettant de décrire, reconnaître et articuler les particularités du territoire traversé (couleur, relief, texture, habitat, animaux, etc.).

Ce workshop proposait une appréhension de l’espace par l’œil et la main, par la voix et le chant comme outils d’écholocation, comme moyens de décrire, de représenter et de produire de l’espace en le ramenant à l’échelle du corps.

Des traductions de fragments de territoires et de trajectoires choisies par chacun de manière libre et répétée en découlent et sont mémorisés par le son ou le dessin, par la voix et le geste. L’ensemble est restitué dans une perspective polyphonique constituant une cartographie subjective et sensible des lieux explorés.

La marche est une longue histoire qui commence avec les premiers hominidés, il y a plus de 2 millions d’années. Elle produit du rythme et de l’espace. Le paysage est une conscience de cette expérience physique et esthétique. La rencontre entre artistes, paysans et autres vivants, avec les lieux de vie, les milieux et les habitats construits différents possibles, décompose et recompose le paysage en éléments de langage, en signifiant et en signifié.

Au fil des déplacements et parcours chacun était libre d’expérimenter selon ses intuitions en produisant différentes approches temporelles et spatiales du réel. La visite du Museo Vostell Malpartida a, pour finir, aiguisé notre appétit d’art. Une incursion à la Fondation Helga de Alvear nous a plongé dans les œuvres d’artistes contemporains qui ont fait de la marche et des paysages traversés des outils d’exploration et d’investigation des mondes. Les gravures et peintures produites dans le Vale de Côa et au Barruecos de Malpartida constituent des marqueurs de territoire mais c’est le désir d’habiter ces mondes, de s’y nourrir et de s’y mouvoir qui anime nos déplacements.

LA LIGNE DU CÔA | EXPOSITION
Du 3 au 18 décembre 2022, de 14h à 18h ou sur rdv au 06 10 91 65 58
Espace 31, rue Consolat, 13001 Marseille
Carlos Casteleira, Lucas Finotti, Tatiana Guimarães, Geun Young Hwang Catherine Melin, Kenza Merouchi, François Parra, Gautier Salcedo, Estelle Savini, Max Sister, ChenKang Wang

Vernissage
Vendredi 2 décembre 2022 à 18h30

COURS DE NATATIONPERFORMANCE
de Geun Young Hwang
Vendredi 02 décembre 2022, de 16h à 19h30
Départ Palais Longchamp > Bd Longchamp > R. d’Isoard > 31 rue Consolat
«Les gravures ne savent pas nager, le barrage doit s’arrêter », cette expression est extraite de Não sabe nadar, premier morceau de la compilation Rápublica (1994) qui regroupait les noms des plus célèbres rappeurs portugais de l’époque. La performance COURS DE NATATION est destinée aux écrevisses qui vivent dans la rivière du Côa. En raison du niveau d’eau qui s’élève à cause d’un ancien barrage, elles prendront un cours de natation pour apprendre à marcher dans la ville. Je serai leur professeur et les ferai bouger une à une à la main pendant trois heures et demie.


Não sabe nadar, Black Company: https://www.youtube.com/watch?v=VP8cDAzAyRY

Workshop organisé par l’ESAAIX et l’UBI (département cinéma de l’université de Beira Interior et LabCom), avec les Musées du Vale de Côa et Vostell Malpartida de Cáceres et les soutiens du Programme Erasmus et de l’Institut Français de Lisbonne.

Merci à Luis Antero, Caminheiros da Gardunha, iNature, Rewilding – Portugal, au Museu da Paisagem (Institut Politechnique de Lisbonne), au Museo Helgea de Alvear et à L’ESPACE 31 rue Consolat à Marseille de l’artiste Jérémie Setton.

PT

Como uma extensão das experiências realizadas com a UBI (Montanha Magica* 2018), Carlos Casteleira e François Parra (Ecole Supérieure d’Art d’Aix-en-Provence) propõem em 2022 em parceria com a Universidade da Beira Interior (Covilhã – Portugal) e a Universidade da Extremadura (Cáceres – Espanha), os Museus Vostell de Malpartida (Sp) e Vale de Côa (Pt), uma oficina cujo objetivo é uma reflexão sobre a perceção da paisagem. Uma proposta para explorar o território através da voz (canto), do gesto (desenho), do olho (imagem) e do movimento do corpo. A produção de um documentário acompanha o projeto em parceria com o Departamento de Cinema e a o LabCom (UBI.

Tendo como modelo “Song Lines” (Bruce Chatwin), esta Master Class é uma adaptação livre da descrição do autor de como os aborígenes encontram o seu caminho quando se movem pelo mato. Bruce Chatwin relata que cada aborígene nasce guardião de uma canção única que lhe foi entregue e que ele não pode ceder ou trocar. Esta canção permite-lhe mover-se e orientar-se de acordo com uma trajetória precisa e única no mato. Podemos imaginar que os toques, ritmos e variações desta canção são elementos sonoros para descrever, reconhecer e articular as particularidades do território (cores, relevos, texturas, habitantes, animais…).

Os artistas Catherine Melin, François Parra e Carlos Casteleira acompanham este trabalho de exploração da paisagem pelo olho e pela mão, pela voz e pelo corpo como ferramentas de ecolocalização.

Pede-se aos participantes, durante alternâncias de pausas e deslocações que traduzem fragmentos de território e trajetórias. Estas trajetórias escolhidas por cada um de forma livre são repetidas até que a canção e o desenho resultantes sejam memorizados. Todas as canções são gravadas separadamente, mas na perspetiva de uma restituição polifónica constituiremos elementos de uma cartografia subjetiva e sensível dos lugares. Os elementos gráficos e sonoros serão articulados numa psicocartografia. O corpus de sons e imagens recolhidos será apresentado durante uma sessão coletiva no Museu Vostell Malpartida. 

Posteriormente o documentário e uma exposição retratarão esta experiência espacial-temporal e cartográfica dos lugares, territórios e paisagens atravessadas.

Ref:

Concerto para Olhos Vendados de Luis Antero na Linha do Côa – Vale de Madeira – Rewilding Portugal

Henry David Thoreau, Stalker, Richard Long, Hamish Fulton, Francis Alÿs, Abraham Poincheval

Song Lines de Bruce Chatwin, Biblio – Poche (1990)

Le Paysage est une Traversée de Gilles A.Tiberghien. Edições Parenthèses (2020)

Pré-história do sentimento artístico – invenção do estilo de Emmanuel Guy há 20.000 anos. Les presses du réel (2011)


COMO OS ARTISTAS SE DEDICAM A CAMINHADA E À PAISAGEM ?

Caminhar é uma experiência do ver e do sentir. Combinada com o apetite do bem-estar torna-se o instinto de sobrevivência, uma consciência transmutada em prazer e desejo. Desejo de vida que exige habitar o mundo, alimentar-se, mover-se, criar espaço e perpetuar a espécie, numa convivência com todas as espécies vivas e não vivas da biosfera.

O caminhar e a mobilidade constituem uma experiência primordial, incontornavel para produzir um espaço, uma espacialidade.

O movimento e a intensidade da exposição ao calor e à luz dão ao órgão da pele, e à fotografia, visibilidade. Caminhar leva-nos a uma consciência do espaço. E o que vemos deste espaço quando nos movemos? É a paisagem, a parte visível e sensível desta consciência.
Esta visibilidade, este traço, esta legibilidade, esta escrita, da qual por vezes perdemos a consciência, opera entre nós e o nosso ambiente uma dinamica que actua em nós, transduzindo forças e energias.

Estas paisagens, estes camponeses, nós, os nossos lugares e condições de vida, imagens e palavras, não estão livres de outras abordagens que nos informem. Os diferentes possiveis da paisagem, no sentido lato da visão e das experiências hápticas, desconstruem e reconstróem o espaço e o território, transformando a paisagem em linguagem, significante e significado.

Este WS baseia-se nas experiências realizadas desde 2017 em Portugal, e em Espanha. Com a Linha do Côa a Fluxo, o princípio metodológico é experimentar, a partir das caminhadas e (i)mobilidades, uma escrita artistica do espaço.

A repetição destes workshops (e residências de artistas), exposições e seminários, durante os quais são estabelecidos protocolos de cooperação entre artistas, comunidades e instituições, torna-se uma força motriz da exploração dos territorios de montanha. O objectivo desta repetição é construir uma rede entre estes espaços.

Nas pegadas do projecto Walking the Data, realizado no âmbito da Ecole Supérieure d’Art d’Aix en Provence entre 2016 e 2019, um arquivo cartográfico metódico das acções realizadas, e fotografadas, permitir-nos-á levar o espaço sensível da paisagem para o espaço icónico e simbólico do mapa.

Concerto para olhos vendados de Luis Antero no Vale de Madeira / Linha do Côa