17/07 Fóios 18h adiado para 21/08 18h por conta do risco de incendio

Busca dos Pirilampos do Côa de Erik Samakh (2017) > Caminhada com os Caminheiros da Gardunha. Descoberta da biodiversidade da Serra das Mesas com artistas e biologos.

Esta caminhada faz parte da programação 2021 do Projecto Entre Serras (PES), uma iniciativa que pretende estabelecer uma rede de intervenções de arte contemporânea nas zonas montanhosas do interior da Península Ibérica. Esta iniciativa é, na sua génese, transfronteiriça, cobrindo o território da cordilheira central ibérica, realçando as idiossincrasias dos povos de montanha. A primeira intervenção do PES aconteceu junto a Fóios: Erik Samakh, um artista francês, instalou junto à nascente do Côa três artefactos electrónicos que imitam pirilampos. Esta acção artística simboliza a perda, mas também a resiliência, da biodiversidade.

A caminhada de 21 de Agosto tem por objectivo levar os caminhantes à procura dos pirilampos artificiais e biológicos.

Clarisse Ferreira, biologa da TAGIS (Centro de conservação das borboletas) enquanto divulgadora de ciência acompahnou de forma livre a caminhada falando nos de biodiversidade, de borboletas e de pirilampos.

Outros profissionais das ciências naturais, pastores, artistas, agricultores, contrabandistas… estavam presentes e partilharam os seus conhecimentos.

Saimos pelas 18h de Fóios, depois de se ter distribuido aos participante simbolicamente uma dose de pollen do apicultor local partilhando energias e ligando-nos ao meio envolvente.

Os pirilampos são visíveis com o cair da noite, o que aconteceu depois das 21h. O encontro fez-se junto à nascente do rio Côa com os outros grupos de caminhantes. Terminou com uma pausa deslumbrante contemplando a magnífica paisagem e a noite de lua cheia. Houve então um momento para partilha de ceia. A caminhada teve o seu auge neste momento contemplativo, boas conversas e troca de ideias entre os participantes, a população, cientificos e artistas selando a milenar relação entre os povos de montanha. 

Serra das Mesas. Nas relações que estabelecemos com os habitantes de Fóios, apercebemo-nos de que a questão do territorio é central, pois muitos foram contrabandistas e pastores. O nomadismo está inscrito na relação com a terra. É ele que cria o espacialisação e a territorialisação dos seres. Calcorrear a Serra é um hábito de muitas gerações que não parece ter esmorecido. Hoje é pelas caminhadas que se usufrui da natureza tornando a noção e complexidade da paisagem mais consciente.

A Reserva da Malcata parece ser um assunto sensível para muitos, pois afirmam que esta designação recente (sec XX) sobrepôs-se a legítima “Serra das Mesas” que corresponde mais adequadamente a sua particularidade geologica. Falar sobre a biodiversidade própria das zonas de montanha (que inclui cumes e vales), por oposição às zonas baixas, é importante. Fóios está a 900m, e em Portugal, é esse o limite para as zonas agrícolas.

Na caminhada falou se de aspectos sociais locais, nomeadamente a questão do contrabando e contamos com as intervenções da naturalista Clarisse Ferreira com experiência em educação ambiental no terreno.

Três grupos de participantes foram formados: naturais de Fóios (incluindo emigrantes e amigos franceses), caminhantes associados ao Grupo de Caminheiros da Gardunha, e  caminhantes associados ao Grupo de Caminhantes de Santo Tirso. A maioria eram pessoas experimentadas em caminhadas, maioritariamente seniores. Concomitante com a saída de Fóios, estava previsto sair um grupo de Navasfrías em espanha com os quais nos encontrariamos na linha de fronteira. Aí procuravamos fazer uma acção artística de transgressão simbólica da fronteira, transportando colectivamente um pirilampo como simbolo para a continuação da iniciativa PES pela Serra da Gata. Infelizmente esta parte não se pode realizar porque tivemos que nos ir ajustando às circunstâncias. O regresso para Foios foi feito a pé…